E fica perguntando a si mesma se é normal.
Como você aprendeu sobre sexo? Descobriu tudo que sabe sozinha, ou com a ajuda de uma amiga? Uma mulher mais velha e mais experiente conversou com você a respeito?
E hoje em dia, na idade adulta, como você desenvolve sua sexualidade?
É raro encontrar alguém com quem conversar abertamente sobre nossas preocupações sexuais mais profundas. Por mais que estejamos vivendo um momento de maior disseminação desse tipo de conteúdo educacional na internet, ainda somos impregnadas de muitas crenças e neuras sobre sexo.
O padrão de educação sexual em nossa cultura é baseado no medo e na vergonha que acabam com o prazer feminino. Por essa razão, demoramos a ter diálogos abertos sobre prazer, corpo e questões íntimas de relacionamento (tipo Sexy and the City).
Reuni algumas questões abrangentes sobre sexualidade que repetidamente são abordadas pelas minhas pacientes em consultório. São neuras de milhares de mulheres, e você pode ser uma delas.
- Você acha que não é boa de cama.
Olha, com sinceridade, sexo bom requer prática. E, infelizmente, na maioria das vezes, as mulheres precisam descobrir por conta própria como sexo é realmente.
Além disso, veja, a “educação sexual clássica” é muito fálica e mecânica: coloque isso aqui, faça assim, e se você não se cuidar, fará um bebê. E grande parte dessas informações vem da pornografia, que perpetua diversos mitos. É, ou não é?
Então, saiba que a falta de confiança afeta muito mais mulheres do que você imagina.
Entretanto, saiba que a definição de “boa na cama” é diferente para cada pessoa, mas também não se resume a um conjunto de habilidades específicas. Sexo bom é explorar o corpo e experimentar o que gera curiosidade com um parceiro (ou parceira) de confiança. É entregar-se, permitir-se descobrir o que proporciona prazer de verdade.
- Você fica travada e não se masturba.
Masturbação é um tema muito ligado à vergonha. Talvez você tenha crescido em um ambiente que dizia que era sujo, errado, ou “coisa de homem”. Muitas mulheres têm problemas relacionados à masturbação. Dar prazer a si mesma é um grande tabu.
Bem, masturbação é comum. Pessoas de todas as idades, profissões, raças, gêneros, religiões, tamanhos e status de relacionamento se masturbam. Elas podem não admitir, mas fazem sim. É saudável, prazeroso, e ao conquistar um orgasmo, ocorre uma liberação hormonal que melhora o humor, disposição, raciocínio, alivia as tensões e até proporciona boas noites de sono!
Existem milhares de formas de fazer isso, sozinha ou acompanhada. Você pode fazer com as mãos, com acessórios, na privacidade do seu quarto. Algumas pessoas se masturbam com fantasias, memórias, pornografia visual e sonora, literatura, filmes e muito mais.
Você deve descobrir o seu jeito de se masturbar. Será bom para você e não fará mal a ninguém. Livre-se dos medos dos julgamentos, próprios ou alheios. Sua sexualidade diz respeito apenas a você mesma.
- Você se preocupa por não gostar tanto assim de sexo.
Muitas mulheres comparam suas práticas e preferências sexuais com as de outras pessoas (até mesmo com atrizes pornôs). Se você faz isso e se sente um pouco “antiquada” por não ser uma entusiasta do sexo, saiba apenas que está tudo bem com você.
Se você sente pressão por parte do seu parceiro (ou parceira) para ser mais ativa, mas não se fica à vontade, recomendo que vocês invistam no diálogo. Na minha experiência como fisioterapeuta pélvica, confiança e comunicação são a base fundamental para uma vida sexual leve e agradável.
Sexo não é uma performance, mas sim entrega e conexão. Quando nos livramos da pressão (seja qual for a origem) somos capazes de nos conectar com nossos corpos e parceiros de uma forma única. Estar constantemente preocupada em agradar ou consentir para evitar conflitos, faz você perder muitas das coisas boas que o sexo pode proporcionar.
Não se preocupe em ser sexualmente ativa e disponível o tempo todo. Você precisa descobrir o que é bom para você, na medida e frequência que a deixe feliz, e ponto final. Simples assim.
- Você se assusta com fetiches e fantasias.
Fetiches existem desde os primórdios dos tempos. Todo mundo tem os seus (é como a masturbação, podem não admitir, mas tem sim!), alguns serão realizados em algum momento da vida, outros não.
Já conheci muitas mulheres que se sentem culpadas com algumas fantasias que cultivavam. Por exemplo, transar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. “O que meu parceiro vai pensar de mim?”, elas dizem. Ou então “ele me convidou para realizar uma fantasia, mas eu não quis”.
Veja bem, ter uma fantasia ou gostar de certo tipo de estímulo, como a pornografia, por exemplo, não significa necessariamente que você é obrigada a fazer alguma coisa relacionada a esse fetiche. É por isso que existe o sentimento de culpa sobre esses pensamentos que despertam o desejo.
Seja o que for que você esteja fantasiando, saiba que você não é única e a decisão de colocar em prática é apenas sua, de ninguém mais.
Eu garanto que se você não estiver prejudicando a si mesma ou a qualquer outra pessoa, sua sexualidade está bem. Recomendo que você encontre uma pessoa que desperte em você a confiança necessária para se entregar e explorar tudo que o bom sexo pode proporcionar.